quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Libertando os afetos"

Certo dia, num final de inverno, quando as flores da primavera começavam o seu sublime trabalho de recobrir os campos ressecados pelo rigor do inverno, aquela alma generosa deixava o corpo físico.

A despedida foi dolorosa. As mãos quentes dos que ficaram desejavam reter aquele corpo hirto, sem vida, sem movimento.

Inconformados perguntavam: por que justo ele, que era tão gentil e carinhoso com todos?

Por que justamente ele, que sabia falar e calar, consolar e distribuir entusiasmo à sua volta?

Por que ele, que era um bom filho, bom irmão, bom esposo e bom pai?

Por que Deus o levou?

Por que não levou os criminosos renitentes, os corruptos inveterados, os estelionatários, os infiéis, enfim, porque não levou os homens que degradam a sociedade?

A resposta para todos esses questionamentos é muito simples.

Consideremos que a vida na Terra é uma oportunidade de crescimento para o espírito imortal.

A existência, no corpo físico, é uma experiência necessária para que o espírito progrida na conquista de sua felicidade.

Seria, por assim dizer, um tipo de prisão, onde ele pode quitar suas dívidas para com as leis divinas e conquistar novas virtudes.

Assim sendo, quem tem poucos débitos liberta-se antes. Quem tem menos compromissos libera-se deles em menor tempo.

Dessa forma, por que queremos que o nosso ente caro permaneça no cárcere se já recebeu o alvará de soltura?

Não seria justo, nem do ponto de vista ético nem do racional.

Não queremos dizer com isto que todos os que se libertam antes são menos devedores, pois essa não é a realidade.

Como sabemos, muitos partem antes do tempo por imprevidência ou pelos abusos de toda ordem.

O que gostaríamos de enfatizar é que aqueles que partem naturalmente, pelos meios estabelecidos pela divindade, sem a intervenção egoísta do homem, podem estar recebendo sua carta de alforria, e por essa razão alçam vôo antes de nós.

Morrer, para o justo, é libertar-se. É matar a saudade dos afetos que o antecederam na viagem de volta. É receber as glórias da vitória por ter vencido mais uma etapa no mundo físico.

E morrer, para o injusto, é deparar-se com o tribunal da própria consciência a acusá-lo por não ter sido corajoso o bastante para vencer-se a si mesmo, e por não ter logrado conquistar mais virtudes.

É por essa razão que não devemos lamentar a morte dos justos, mas sim a daqueles que desperdiçam a existência buscando o gozo exclusivo do corpo, sem pensar no espírito, único que sobrevive além da aduana do túmulo.

***

Certo dia, num final de inverno, quando as flores da primavera começavam o seu sublime trabalho de recobrir os campos ressecados pelo rigor do inverno, aquela alma generosa deixava o corpo físico.

Seria o fim?

Não. É apenas o crepúsculo de uma existência que se encerra, e a aurora de uma nova etapa que se inicia, na Vida que nunca cessa.



(Redação do momento Espírita)

4 comentários:

  1. Amiga. Estou sumida não porque quero, mas por falta de tempo mesmo. Tenho programado minhas postagens e tem dias que nem sei o que saiu para os leitores. Desculpe-me a ausência. Vou procurar arrumar um tempinho extra para me dedicar aos meus amigos.
    Esse texto é maravilhoso. É o que me fez continuar a vida sem a presença física de minha filha Marcela. Saber que a morte não existe; que quem parte ainda jovem e sendo tão boa pessoa está se libertando; entender as leis de causa e efeito e os benefícios das reencarnações sucessivas... tudo isso, adicionado à fé nos desígnios de Deus, me fizeram levantar e continuar minha jornada. Ler esse texto me fez um bem que nem imagina, pois não basta acreditarmos. Também é importante estarmos lendo e relendo os conceitos básicos da vida após a vida. Beijos e ótimo final de semana. Carinhosamente.

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  2. estas atitudes acontecem, porque temos a visão limitada pelo corpo material, e devido ao esquecimento providencial de vidas passadas, temos esta insegurança em relação ao desencarne, que nada mais é do que mudança de plano...
    Beijos

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  3. Espero que aqui seja apenas uma passagem para a verdadeira vida, beijo Lisette.

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  4. QUERO MUITO ACREDITAR NISSO,ESTOU MUITO TRISTE POR TER PERDIDO MEU IRMÃO,MAS ME CONSOLO QUANDO LEIO ALGO ASSIM QUE NESSE MOMENTO ME PARECE TÃO CLARO!
    BEIJO
    BOM FIM DE SEMANA!

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