sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"VIVER"

Cada qual de nós, seja onde for, está sempre construindo a vida que deseja.
Existência é a soma de tudo o que fizemos de nós até hoje.
Toda melhoria que realizarmos em nós, é melhoria na estrada que somos chamados a percorrer.
Toda idéia que você venha a aceitar influenciará seu espírito; escolha os pensamentos do bem para orientar-lhe o caminho e o bem transformará sua vida numa cachoeira de bênçãos.
Se você cometeu algum erro não se detenha para lamentar-se; raciocine sobre o assunto e retifique a falha havida porque somente assim, a existência lhe converterá o erro em lição.
Muito difícil viver bem se não aprendemos a conviver.
A vida por fora de nós é a imagem daquilo que emsomos por dentro.
Viver é lei da natureza, mas a vida pessoal é a obra de cada um.
Toda vez que criticamos a experiência dos outros, estamos apontando em nós mesmos os pontos fracos que precisamos emendar em nossas próprias experiências.
Seu ideal é o seu caminho, tanto quanto seu trabalho é você.
ANDRÉ LUIZ (Respostas da Vida, cap.15)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Era ainda madrugada, quase dia, o vento amornava ao calor suave do sol que surgia e no ar pairavam perfumes a lembrar que a noite, esta dama bela, por ali havia passado.
Era de manhã, quando em mim surgiu o desejo ardente de Te procurar.
Era primavera em meu coração; as flores abriam-se como as janelas das mansardas humildes ou como as portas largas das mansões suntuosas. Colibris colhiam o pólen e abelhas embriagavam-se, tontas de beleza. Aves chilreavam hinos de alegria e os arroios murmuravam segredos enquanto as nuvens espreitavam tímidas o rigor do sol.
Era dia alto quando em mim surgiu o desejo ardente de Te procurar.
Vibravam no ar as notas de uma canção singela e a voz dolente do cantor fazia-se ouvir, melodiosa e clara. Da terra ardente subiam ricos odores, confundindo os colibris, perturbando as abelhas e silenciando o arroio.
Era tarde, bem mais tarde e em mim surgiu o de- sejo ardente de Te procurar.
Da montanha distante chegava sorrateira a lua de prata e a dama negra, com estrelas no cabelo, novamente no céu apontou.
Estendi a coberta no chão de terra, esquecendo o desejo de Te procurar e adormeci. Por dias e noites a fio, vi surgir o sol e esconder-se a lua, cantar os pássaros, chorar o cantor na melodia. Por dias e noites deixei adormecer em mim a ânsia por Ti.
Mas hoje a Tua voz elevou-se, quebrando o lamento da canção. Hoje teu brilho, mais forte que o sol, afastou, sem receios, as nuvens da minha indecisão e eu Te vi. De safiras são os teus olhos, de cobre os teus cabelos, de marfim as tuas mãos e de amor é feito o teu coração. Em mim o desejo de Ti fez-se realidade, afugentando o sono que me enleava a alma, e saí à Tua procura.
Estavas em toda a parte.
Eras o pólen sedutor ou o colibri seduzido? Estavas entre as abelhas ou eras o perfume embriagador?
Era o arroio que murmurava ou eras Tu que sorrias a ciciar meu nome? Eras o cantor ou a melodia? Eras a noite ou eras o dia?
Fiz-me devoto ajoelhando-me aos Teus pés, sem querer saber Teu nome ou quem eras, sabendo apenasque sem Ti eu não mais poderia viver, porque Tu és a Vida e eu faço parte de Ti.
Tagore