sábado, 4 de setembro de 2010

"UMA HISTÓRIA de EXPIAÇÃO"

Marcel, o menino do nº 4


Havia num hospital de província um menino de 8 a 10 anos, cujo estado era difícil precisar. Designavam-no pelo nº 4. Totalmente contorcido, já pela sua deformidade inata, já pela doença, as pernas se lhe torciam roçando pelo pescoço, num tal estado de magreza, que eram pele sobre ossos. O corpo, uma chaga; os sofrimentos, atrozes. Era oriundo de uma família israelita.

A moléstia dominava aquele organismo, já de oito longos anos, e no entanto demonstrava o enfermo uma inteligência notável, além de candura, paciência e resignação edificantes.


O médico que o assistia, cheio de compaixão pelo pobre um tanto abandonado, visto que seus parentes pouco o visitavam, tomou por ele certo interesse. E achava-lhe um quê de atraente na precocidade intelectual. Assim, não só o tratava com bondade, como lia-lhe quando as ocupações lho permitiam, admirando-se do seu critério na apreciação de coisas a seu ver superiores ao discernimento da sua idade.


Um dia, o menino disse- lhe:
- Doutor, tenha a bondade de me dar ainda uma vez aquelas pílulas ultimamente receitadas.
- Para quê? - Replicou-lhe o médico - Se já te ministrei o suficiente, e maior quantidade pode fazer-te mal?...
- É que eu sofro tanto, que dificilmente posso orar a Deus para que me dê forças, pois não quero incomodar os outros enfermos que aí estão. Essas pílulas fazem-me dormir e, ao menos quando durmo, a ninguém incomodo.
Aqui está quanto basta para demonstrar a grandeza dessa alma encerrada num corpo informe. Onde teria ido essa criança haurir tais sentimentos? Certamente não foi no meio em que se educou; além disso, na idade em que principiou a sofrer, não possuía sequer o raciocínio.
Tais sentimentos eram-lhe inatos; mas então porque se via condenado ao sofrimento, admitindo-se que Deus houvesse concomitantemente criado uma alma assim tão nobre e aquele mísero corpo - instrumento dos suplícios? É preciso negar a bondade de Deus, ou admitir a anterioridade de causa; isto é, a preexistência da alma e a pluralidade das existências.


Os últimos pensamentos desta criança, ao desencarnar, foram para Deus e para o caridoso médico que dela se condoeu. Decorrido algum tempo, foi o seu Espírito evocado na Sociedade de Paris, onde deu a seguinte comunicação (1863):


“A vosso chamado, vim fazer que a minha voz se estenda para além deste círculo, tocando todos os corações. Oxalá seu eco se faça ouvir na solidão, lembrando-lhes que as agonias da Terra têm por premissas as alegrias do céu; que o martírio não é mais do que a casca de um fruto deleitável, dando coragem e resignação.


Essa voz lhes dirá que, sobre o catre da miséria, estão os enviados do Senhor, cuja missão consiste na exemplificação de que não há dor insuperável, desde que tenhamos o auxílio do Onipotente e dos seus bons Espíritos. Essa voz lhes fará ouvir lamentações de mistura com preces, para que lhes compreendam a harmonia piedosa, bem diferente da de coros de lamentações mescladas com blasfêmias.


Um dos vossos bons Espíritos, grande apóstolo do Espiritismo, cedeu-me o seu lugar por esta noite. (1) Por minha vez, também me compete dizer algo sobre o progresso da vossa Doutrina, que deve auxiliar em sua missão os que entre vós encarnam, para aprender a sofrer. O Espiritismo será a pedra de toque; os padecentes terão o exemplo e a palavra, e então as imprecações se transformarão em gritos de alegria e lágrimas de contentamento.”


P. Pelo que afirmais, parece que os vossos sofrimentos não eram expiação de faltas anteriores...
R. Não seriam uma expiação direta, mas asseguro-vos que todo sofrimento tem uma causa justa. Aquele a quem conhecestes tão mísero foi belo, grande, rico e adulado. Eu tivera aduladores e cortesãos, fora fútil e orgulhoso. Anteriormente fui bem culpado; reneguei a Deus, prejudiquei meu semelhante, mas expiei cruelmente, primeiro no mundo espiritual e depois na Terra. Os meus sofrimentos de alguns anos apenas, nesta última encarnação, suportei-os eu anteriormente por toda uma existência que andou pela extrema velhice. Por meu arrependimento reconquistei a graça do Senhor, o qual me confiou muitas missões, inclusive a última, que bem conheceis. E fui eu quem as solicitou, para terminar a minha depuração.


Adeus, amigos; tornarei algumas vezes. A minha missão é de consolar, e não de instruir. Há, porém, aqui muitas pessoas cujas feridas jazem ocultas, e essas terão prazer com a minha presença.

Marcel


_____________________(1) Santo Agostinho, pelo médium com o qual habitualmente se comunica na Sociedade.

               (livro céu e inferno)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"BENDITA SEJAS"


Esta oração foi ditada por Francisco à Frei Leão, após a negativa do papa Inocencio III de recebê-lo em audiência”.


Benditas sejam as dificuldades que nos agridem e fazem pensar.

Benditas sejam as horas que gastamos em função do bem eterno.

Bendito seja quem nos maltrata à primeira vista e nos ajuda a melhorar.

Bendito seja quem não nos conhece e não acredita em nós.

Bendito seja quem nos compara com vagabundos e indolentes.

Bendito seja quem nos expulsa, como párias ou fanáticos.

Bendito seja a mão que nos nega o cumprimento.

Bendito seja quem quer nos esquecer, impaciente.

Bendito seja quem nos nega o pão de cada dia.

Bendito seja quem nos ataca por ignorância e covardia.

Bendito seja quem nos experimenta no correr do tempo.

Bendito seja quem nos faz chorar nos caminhos.

Bendito seja quem não agrada no momento.

Bendito seja quem exige de nós a perfeição.



Benditos sejam os que nos maltratam o coração porque, verdadeiramente, são estes, meus filhos, os nosso vigilantes e os que nos ajudam a seguir o Cristo com maior segurança, pois Deus, através deles, nos ajuda na auto educação, de maneira que fiquem abertas todas as portas para o Amor Universal.

(Revista Espírita)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

"QUEM FOI FRANCISCO DE ASSIS"

Fundador da Ordem dos Frades menores. Nasceu em Assis, Itália, em 1181 e morreu em Porciúncula em 1226. Foi canonizado em 1228. Comemora-se o seu dia em 04 de outubro.

Francisco Bernadone era filho de um rico comerciante de tecidos. Teve uma juventude frívola e descuidada em companhia de outros jovens boêmios.
A experiência nas lutas entre Assis e Perúgia e a séria enfermidade conseqüente levaram-no à conversão.



Um dia, na Igreja de São Damião, pareceu-lhe ouvir uma imagem de Cristo dizer-lhe: -"Francisco, restaura minha casa decadente."
Tomou no sentido literal as palavras que ouvira e vendeu mercadorias da loja de seu pai para reformar essa igreja.



Como resultado, seu pai repudiou-o e deserdou-o. O jovem saiu de casa, sem dinheiro algum, para unir-se à "Irmã Pobreza".
Três anos mais tarde, autorizado pelo Papa Inocêncio III, Francisco e seus onze companheiros tornaram-se pregadores itinerantes, levando Cristo ao povo com simplicidade e humildade.



Começou assim a Ordem dos Frades Menores. A sede era na Capela Porciúncula de Santa Maria dos Anjos, perto de Assis. O número de canditados à ordem era muito grande e, sendo assim, foi aberto outro convento, em Bolonha.



Por toda a Itália os irmãos conclamavam o povo, de classe baixa ou alta, à fé e à penitência. Recusavam posses, conhecimentos humanos e mesmo promoção eclesiástica.



Poucos dentre eles tomaram as ordens sacras. O próprio Francisco de Assis nunca foi sacerdote.



Em 1212 ele e CLARA fundaram a primeira comunidade das clarissas. Nessa época, por duas vezes Francisco tentou ser missionário entre os mulçumanos, sem resultado.



Só conseguiu seu intento, em parte, quando acompanhou os cruzados de Gautier de Brienne ao Egito, em 1219. Pessoalmente, solicitou permanência ao Sultão Malek al-Kamel, mas não teve sucesso, tanto entre os sarracenos ou com os próprios cruzados, e, depois de visitar a Terra Santa, voltou para a Itália.



Já em 1217 o movimento franciscano começara a desenvolver-se como uma ordem religiosa. O número de membros era tão grande que foi necessária a criação de províncias.



Grupos de frades foram encaminhados para elas e para fora da Itália, inclusive para a Inglaterra.



Logo após a sua volta do Oriente, Francisco renunciou à liderança da ordem. Entretanto, durante sua ausência, os irmãos criaram algumas inovações e, em conseqüência disso, Francisco, apoiado por seu bom amigo Cardeal Ugolino, apresentou em 1221 uma versão revista da regra. Tal versão reiterava a pobreza, a humildade e a liberdade evangélica, das quais ele sempre fora um exemplo.



Mas, antes que a nova regra fosse finalmente aprovada, teve de sofrer algumas modificações e ser formalizada para conciliar as diversas opiniões.



Em 1224, enquanto Francisco pregava no Monte Alverne, nos Apeninos, apareceram-lhe no corpo cicatrizes correspondentes às cinco chagas do Cristo crucificado, fenômeno chamado de "estigmatização".



Os estigmas permaneceram e constituíram uma das fontes de sua fraqueza e dos sofrimentos físicos, que aumentaram, progressivamente, até que, dois anos depois, ele acolheu a "Irmã Morte".



Ao longo dos séculos, a admiração por Francisco de Assis espalhou-se espontaneamente entre os cristãos de qualquer comunhão e, também, entre outras pessoas.



Há uma forte atração no seu "Cântico do Sol", no que sabemos sobre ele por meio das Fioretti ("florzinhas") e do Espelho da Perfeição, na sua simplicidade, integridade, franqueza e nas qualidades líricas de sua vida.



Francisco de Assis, porém, foi mais do que um individualista inspirado: foi um homem de grande introspecção espiritual, cujo consumidor amor por Cristo e pela redenção do homem encontrou expressão em tudo o que disse e fez.

As imagens e pinturas de Francisco de Assis foram e ainda são seguidamente apresentadas com seus estigmas.



Em 1979 o Papa João Paulo II proclamou-o santo patrono dos ecologistas.





(in Dicionário dos Santos - de Donald Attwater)

domingo, 29 de agosto de 2010

"ORAÇÃO e REFLEXÃO"

Senhor !



Dá-nos a força, mas não nos deixes humilhar os mais fracos.


Dá-nos a luz da inteligência, no entanto, ensina-nos a auxiliar aos irmãos que jazem nas sombras.


Dá-nos a calma, contudo, não nos consintas viver na condição das águas paradas.


Dá-nos a paciência, entretanto, não nos relegues à inércia.


Dá-nos a fé, mas não nos permitas o cultivo da intolerância.


Dá-nos a coragem, no entanto, livra-nos da imprudência.


Concede-nos, por fim, o conhecimento da harmonia e da perfeição que devemos buscar ; não nos deixes, porém, na posição de Vênus de Milo, sempre maravilhosamente bela, diante do mundo, mas sem braços para servir a ninguém.




Espírito : André Luiz.


Livro : Tempo de Luz.


Psicografia : Francisco C. Xavier.

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